terça-feira, dezembro 07, 2004

Somos fortes...

As grossas correntes ainda estão nos calcanhares e nos pulsos. Ao olharmos as janelas do passado próximo, em verdade, todavia, permanecem vivas as mesmas marcas nos corações e mentes presentes.

As correntes vermelhas de sangue, sangue escravo e suor ainda gritam aos séculos, em meio a lágrimas e lamentos ecoados nas poesias e no "blues"; o grito ainda é forte pois os tambores se encarregaram de nunca se calarem, retumbando para todo o sempre as mazelas das senzalas.

Muita coisa mudou desde 1888, mas pouca coisa se modificou. Apenas na forma em 1988, muito pouco para 100 anos: ensaiamos um arremedo de liberdade, sonhamos com uma sociedade realmente, ou melhor, efetivamente livre e igualitária, um sonho sonhado que embalou grandes mudanças ao largo da história, nas revoluções desencadeadas aqui e acolá. Entretanto, frustramos ao ver que foi brinquedo de papel, pois na forma avançamos, mas na praxis somos os mesmos: o negro, infelizmente, ainda é discriminado.

Tem as menores chances em tudo, desde a educação à obtenção de um emprego justo e bem remunerado.

Ainda é visto com outros olhos, olhos que procuram coisas erradas, que o preconceito, inimigo do bem, imprimiu de novo nos corações e mentes, vícios de uma patologia social, detector de resquícios de um tempo passado, tempo de vergonha para todos, tempo de escravidão. Não há e não haverá crueldade maior na face da terra, excreção hedionda, da negação da humanidade de todos, de qualquer um.

As correntes hoje tem outros nomes: favelas, falta de oportunidade, racismo ora velado, ora totalmente exposto, como uma chaga incurável, vermelha-sangue, criminalidade de lesa humanidade.

As correntes hoje tem nomes variados; intolerância, xenofobia, segregação racial, dominação política, às vezes chegadas aos extremos da religiosidade, às vezes a hipocrisia chega ao limite gritante de fechar os olhos para uma situação revoltante.

Escravos deste sistema degradador, negros, todos... salve Zumbi dos Palmares, viva a resistência negra, salve vinte de novembro! Viva o negro!

Somos fortes...

4 Comments:

Anonymous Anônimo said...

Ainda bem que diferenças aproximam nem que seja por comentários
entre paredes. Podem não aproximar para uma solução, mas contribuem para
disseminação da idéia de algum dia haver mudanças maiores e setorizadas,
as mudanças no todo se mostram ineficazes.
Não pode acontecer e já acontece são as pessoas virarem estatísticas.

http://nocongelador.weblogger.com.br

5:04 PM  
Anonymous Anônimo said...

atrasdobalcao.blogger e vidasa.blogger
Anonymous, mas nem tanto...hahaha
Graças à Deus, minha alma não arrasta grilhões...não tenho preconceito de raça, credo, opção sexual, quero é fazer amigos por esse mundo e não me importa a capa que tragam, mas o coração que pulsa neles.
Uma boa semana e apareça, viu?!

5:38 PM  
Anonymous Anônimo said...

Não entendo como melanina iria fazer alguém melhor ou pior... ou seja, racismo sucks.

Não viva o negro, não viva o branco; viva o ser humano!

Um abraço!
[Cronos - www.sopacosmica.blogger.com.br]

5:25 AM  
Anonymous Anônimo said...

Acho um absurdo ainda se discrinar as pessoas pela cor. Acho que o que diferencia o ser humano são seus atos e seu coração e não a cor da sua pele. Mas acho que apesar termos andado pouco estamos melhor do que eramos em 1888, só que ainda vai demorar muito para conseguirmos uma sociedade realmente justa e igualitaria.

Uma coisa curiosa, a empregada daqui de casa que é negra nasceu exatamente no dia que se comemora o Zumbi dos palmares. Eu a considero uma segunda mãe pois cuida de mim desde os 9 meses, acho que foi com ela que eu aprendi a respeitar todas as pessoas independente da cor...

Patrícia - www.noturnolandia.zip.net

10:54 AM  

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