segunda-feira, setembro 26, 2005

A noite mais longa de toda a sua vida.

O alvo que não desejava ver na sua frente, o dedo buscando o cão.

Mirou, como se mira latas vazias de extrato de tomate
E sentiu a dor do outro, em sua mente, assim como sentiu
o metal quente penetrando as suas entranhas.
Observou o rápido movimento daquele instante ao seu redor e,
para poder fazer parte do seu mundo novamente,
Mais uma vez flexionou o dedo.

O vidro estilhaçado no chão, pequenos fragmentos cortantes de janelas arrombadas
A máscara que encobre os olhos e desnuda as vontades perversas
Do sexo, do sangue, do metal de valor, do não-deus que abre portas,
Seres que arrancam vidas e destroçam esperanças,
Invasor não quisto, invasor agora tão presente.

Ao lado a prole dorme, imersa em girassóis ao sabor do vento
Sonhos de doces de leite, balões coloridos, sorrisos de mãe, candura infantil.
Nada mais se não houver alternativa
Nada mais se não ouvir os gritos do pai
Nada mais se não podermos nos defender.