quinta-feira, fevereiro 01, 2007

Estranha

Gastou toda a ira de seus pensamentos quando ela adentrou o apartamento, molhada, exausta, sôfega, mas silenciosa. Pensou num modo de inquirí-la sobre a demora, sobre o horário avançado ou simplesmente aproxima dos seus longos cabelos e buscar cheiros de bebida, cigarro ou Stiletto. Revoltou-se consigo mesmo por sentir-se impotente diante da sua fraqueza, sua amada, sua esposa. Ouviu, silente, a água do chuveiro banhar-lhe o corpo; imaginou a esponja embebida do sabonete líquido esfregar por todos os poros, cada canto, cada pêlo; encobriu com o fino lençol e buscou, nos sonhos, as respostas para seu sofrimento.

Ela não o procurou naquela noite.